Do dia em que entrou para a escola até hoje, Juliano Aguiar Moser, de 13 anos, já inventou mil desculpas para faltar às aulas. Num dia, era uma terrível dor de cabeça, no outro, um machucado no pé. Mas houve também ocasiões em que arranjou dores de barriga, de ouvido, de garganta e outros males. Hoje, 20 quilos mais magro do que os 86,8kg de um ano atrás, o adolescente conta que a sua indisposição não era física, mas totalmente psicológica. A cada vez que punha os pés na sala de aula, era chamado de gordinho e de outros apelidos pejorativos que faziam doer – de verdade – até a alma. Mais seguro para retomar esta semana a rotina escolar, embora continue ouvindo alguns gracejos, o menino ainda não conseguiu se livrar dessa cruel agressão, que tem nome e sobrenome: bullying escolar.
Se ainda não ganhou tradução em português, o termo bullying – derivante de bully, que quer dizer valentão – tem significado forte para os jovens que sofrem o preconceito, o assédio e a intimidação dos colegas e até de professores. Nos últimos dias, o Brasil ficou estarrecido com a notícia de que um jovem de 15 anos fora internado no Hospital Psiquiátrico da Marinha, em Angra dos Reis (RJ), depois de ser ridicularizado por alunos veteranos no Colégio Naval.O assunto é tão sério que se tornou alvo de estatística do IBGE. Três em cada 10 estudantes brasileiros matriculados no último ano do ensino fundamental relatam ter sido vítimas dessa humilhação. E Minas faz feio, pois Belo Horizonte é a segunda capital com o maior índice (35,3%) desses atos de violência, atrás apenas de Brasília (DF), com 35,6%.Tristeza Tudo começa com uma piadinha ou uma brincadeira de mau gosto aparentemente inofensiva. Às vezes, evolui até para maus-tratos físicos. E, com o passar do tempo e a repetição irritante da agressão, o tormento leva a vítima a um processo gradativo de isolamento, baixo rendimento na escola, tristeza e depressão. Sentimentos que abalam a autoestima dos jovens e deixam pais e professores de mãos atadas diante do problema. “Odiava que me chamassem de gordo. Isso virou um rótulo, uma marca, que já me fez ser excluído de times de futebol e de grupos de educação física. Como a camiseta do uniforme ficava apertada, me acostumei a vestir sempre um moletom, mesmo em dias de calor. As brincadeiras me chateavam tanto que me cansei de inventar desculpas para faltar à aula”, conta Juliano, do Bairro Santa Amélia, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, aluno da 8ª série de um colégio particular.Motivado pelos pais, Juliano conseguiu fazer um rigoroso regime alimentar, aliado à prática de exercícios, e hoje fala com orgulho da conquista: emagrecer 20kg em um ano. Mas o feito não significou sossego na escola. “Ainda tem uns caras no colégio, aqueles malhados que pensam que são o máximo, que ainda me chamam de gordo. Já reclamei até com a diretora do colégio, mas a zoeira não para.” Juliano se encaixa exatamente no perfil mais crítico apontado pela pesquisa do IBGE.Segundo o levantamento, 35,3% dos alunos do último ano do ensino fundamental de BH reclamam já ter sido vítimas de bullying. Mas o percentual é maior entre os estudantes de escola particular: 36,5%, contra 35% da rede pública; e entre os homens chega a 38% (no caso das mulheres, o índice é de 32,9%). A Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar, divulgada no fim do ano passado, ouviu 60.973 alunos, de 1.453 escolas públicas e privadas de todas as capitais e do Distrito Federal.Pela pazA Secretaria Municipal de Educação (Smed) de Belo Horizonte reconhece a gravidade do problema, mas vê com ressalvas a pesquisa. “Não queremos negar a existência do bullying, mas a pergunta feita pelos pesquisadores pode distorcer a realidade. A mágoa diante de uma brincadeira desagradável não caracteriza o bullying por si só, já que o fenômeno é marcado pela repetição da agressão. Acredito que falta uma metodologia mais específica para medir o problema”, afirma o gerente de Projetos Especiais da Smed, Ismair Sérgio Cláudio, acrescentando que esse tipo de violência é constantemente abordado nas palestras do programa Rede pela paz nas escolas, criado para qualificar professores e coordenadores das instituições de ensino para lidar com os conflitos do ambiente escolar.
Se ainda não ganhou tradução em português, o termo bullying – derivante de bully, que quer dizer valentão – tem significado forte para os jovens que sofrem o preconceito, o assédio e a intimidação dos colegas e até de professores. Nos últimos dias, o Brasil ficou estarrecido com a notícia de que um jovem de 15 anos fora internado no Hospital Psiquiátrico da Marinha, em Angra dos Reis (RJ), depois de ser ridicularizado por alunos veteranos no Colégio Naval.O assunto é tão sério que se tornou alvo de estatística do IBGE. Três em cada 10 estudantes brasileiros matriculados no último ano do ensino fundamental relatam ter sido vítimas dessa humilhação. E Minas faz feio, pois Belo Horizonte é a segunda capital com o maior índice (35,3%) desses atos de violência, atrás apenas de Brasília (DF), com 35,6%.Tristeza Tudo começa com uma piadinha ou uma brincadeira de mau gosto aparentemente inofensiva. Às vezes, evolui até para maus-tratos físicos. E, com o passar do tempo e a repetição irritante da agressão, o tormento leva a vítima a um processo gradativo de isolamento, baixo rendimento na escola, tristeza e depressão. Sentimentos que abalam a autoestima dos jovens e deixam pais e professores de mãos atadas diante do problema. “Odiava que me chamassem de gordo. Isso virou um rótulo, uma marca, que já me fez ser excluído de times de futebol e de grupos de educação física. Como a camiseta do uniforme ficava apertada, me acostumei a vestir sempre um moletom, mesmo em dias de calor. As brincadeiras me chateavam tanto que me cansei de inventar desculpas para faltar à aula”, conta Juliano, do Bairro Santa Amélia, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, aluno da 8ª série de um colégio particular.Motivado pelos pais, Juliano conseguiu fazer um rigoroso regime alimentar, aliado à prática de exercícios, e hoje fala com orgulho da conquista: emagrecer 20kg em um ano. Mas o feito não significou sossego na escola. “Ainda tem uns caras no colégio, aqueles malhados que pensam que são o máximo, que ainda me chamam de gordo. Já reclamei até com a diretora do colégio, mas a zoeira não para.” Juliano se encaixa exatamente no perfil mais crítico apontado pela pesquisa do IBGE.Segundo o levantamento, 35,3% dos alunos do último ano do ensino fundamental de BH reclamam já ter sido vítimas de bullying. Mas o percentual é maior entre os estudantes de escola particular: 36,5%, contra 35% da rede pública; e entre os homens chega a 38% (no caso das mulheres, o índice é de 32,9%). A Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar, divulgada no fim do ano passado, ouviu 60.973 alunos, de 1.453 escolas públicas e privadas de todas as capitais e do Distrito Federal.Pela pazA Secretaria Municipal de Educação (Smed) de Belo Horizonte reconhece a gravidade do problema, mas vê com ressalvas a pesquisa. “Não queremos negar a existência do bullying, mas a pergunta feita pelos pesquisadores pode distorcer a realidade. A mágoa diante de uma brincadeira desagradável não caracteriza o bullying por si só, já que o fenômeno é marcado pela repetição da agressão. Acredito que falta uma metodologia mais específica para medir o problema”, afirma o gerente de Projetos Especiais da Smed, Ismair Sérgio Cláudio, acrescentando que esse tipo de violência é constantemente abordado nas palestras do programa Rede pela paz nas escolas, criado para qualificar professores e coordenadores das instituições de ensino para lidar com os conflitos do ambiente escolar.
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